Ana Barros é uma jovem arquiteta portuguesa, e tal como outros arquitetos, depois de passar por uma experiência num
atelier português, desde cedo procurou novos rumos. Atualmente vive em Viena e trabalha no
atelier Henk Schereieck Architekten. Para os mais atentos, esta lisboeta fez a capa da
Revista (nome de um suplemento do jornal
Expresso) de 26 de janeiro de 2013 sobre a temática -
O grande êxodo dos arquitetos, onde foi um dos vários testemunhos desta "nova tendência" que assombra a arquitetura nacional. No entanto, o tema desta pequena entrevista foca-se essencialmente sobre o seu talento para a fotografia, e mais especificamente sobre o
Instagram. "
Ela é uma estrela no Instagram com mais de 130 mil seguidores" dizia na capa da
Revista, e foi precisamente esta frase que aguçou a minha curiosidade. Depois de ver e rever as fantásticas imagens que publica com regularidade no seu perfil, fiquei curioso e quis saber mais...
1. Em primeiro lugar gostava de saber como tudo começou. Fala-me da tua ligação à fotografia?
AB Tal como qualquer arquiteto penso eu, o gosto pela imagem e fotografia sempre esteve presente. Mas em 2008, no meu último ano de faculdade, tive a oportunidade de fazer uma cadeira de fotografia na faculdade de
Darmstadf (Alemanha). Bom... adorei, vibrei com as aulas e penso que cresceu aí a minha paixão pela fotografia.
2. Como é que surgiu a "paixão" pelo instagram? E de que forma é que esta aplicação mudou a tua vida?
AB Foi em 2012 pouco depois da
app ser lançada que criei
o meu perfil no Instagram. E logo aí desde o primeiro dia escrevi a frase que achei que descrevia o meu propósito no
Instagram "...
a day in the office is just not creative enough". A minha ocupação principal é e será a arquitetura, e por isso nunca faria sentido sair de casa com uma
Nikon pendurada ao pescoço para me sentar no escritório 10h por dia, e foi ai que percebi que a magia do
iphone (fazer chamadas sempre foi desde o início aquilo que menos fiz com ele), é portátil é discreto e está sempre ali pronto para disparar. Tirar uma fotografia editá-la e colocá-la
online é um processo que com um
iphone demora poucos minutos e com o
Instagram em menos de um piscar de olhos estamos a ter
feedback de utilizadores do mundo inteiro. Uma simples viagem para o trabalho começou a ser vista como oportunidade de fotografar e os fins de semana passaram a ser planeados em busca de novos temas e paisagens. É claro que a imagem não tem a mesma qualidade de uma fotografia tirada com uma boa máquina, mas, não é esse o propósito do
Instagram. Eu vejo, como um mundo infinito de aplicações e oportunidades onde se pode experimentar e obter
feedback imediato e além do mais, uma fonte constante de inspiração! :)
3. Sei que este "sucesso" já gerou parcerias com algumas marcas internacionais. Queres-nos falar sobre isso?
AB A maior é sem dúvida a minha parceria com a
Casetagram. Desde o início da marca que trabalhamos juntos, e aí a parceria era muito simples, eles usavam as minhas imagens para publicidade da marca e eu ganhava capas a custo zero. Entretanto, a marca cresceu e surgiu a ideia de fazer uma "
Artist Collection", e desde então tenho
a minha loja online de capas para
iphone 4 e
iphone 5.
Pouco tempo depois, surgiu um convite da empresa
Jung Von Matt para fazer 10 imagens para serem futuramente utilizadas numa campanha para a
Mercedes-Benz. Para este trabalho foram também convidados outros aristas e o resultado vai estar presente em algumas exposições pelas quais aguardo ansiosamente.
Há também outros convites menos importantes, mas, que me deixam sempre muito contente, como por exemplo a Juicycanvas e a minha participação no livro
Instaphotografers que sairá este ano.
4. Quais são as tuas perspectivas futuras e até onde a fotografia te pode levar?
AB Actualmente o número de ideias e projetos que tenho excedem em muito o meu tempo livre (pequenas exposições aqui em Viena e algumas colaborações com outros
Instagramers), mas, a arquitetura preenche o meu dia!
Planos futuros passam por continuar a desenvolver um estilo que considero como meu, uma identidade, uma marca que criei no mundo
Instagram. São mais de
153.000 seguidores que vou continuar a alimentar com imagens e não sei... talvez um dia passe a olhar para isto como uma fonte de rendimento. Hoje, ainda olho como uma diversão, sempre disse que sofria de uma doença chamada "incontinência criativa" e o
Instagram apareceu na minha vida como um remédio santo! E é assim que continuo a olhar para ele.
the end...
Para terminar, não posso deixar de agradecer à
Ana Barros pela
disponibilidade e simpatia. Tenho que salientar que a escolha das imagens foi uma tarefa difícil dada á qualidade e quantidade das fotografias. Portanto, para ficarem a conhecer melhor o trabalho que esta arquiteta tem efetuado com as potencialidades desta
app, podem segui-la no
facebook, no
tumblr e claro no
Instagram.
Obrigado!